A indústria francesa de vinhos e destilados enfrenta um risco bilionário com a nova rodada de tarifas anunciada pelos Estados Unidos. A partir de 7 de agosto, o governo americano pretende aplicar uma taxa de importação de 15% sobre esses produtos, medida que pode reduzir em 25% as exportações anuais do setor e gerar perdas estimadas em €1 bilhão (cerca de R$ 6,4 bilhões).
O alerta foi feito nesta sexta-feira (1º) pela Federação Francesa de Exportadores de Vinhos e Destilados (FEVS), que representa o segmento. A entidade afirmou que a tarifa coloca em risco os empregos de aproximadamente 600 mil trabalhadores ligados diretamente à produção e exportação de vinhos e destilados no país. “A situação não pode continuar como está. É vital que a França e a União Europeia se envolvam ativamente conosco para apoiar concretamente nosso setor”, declarou Gabriel Picard, presidente da FEVS.
A União Europeia, junto com a França, tenta uma última ofensiva diplomática para incluir vinhos e destilados na lista de isenções tarifárias. O ministro francês do Comércio Exterior, Jean-Noel Barrot, disse em entrevista à rádio France Inter que negociações estão em curso e que o objetivo é obter concessões adicionais. “Este é apenas um passo. Queremos novas garantias para o setor de vinhos e destilados”, afirmou.
O movimento tem apoio de figuras de peso da indústria, como o bilionário Bernard Arnault, fundador do grupo LVMH, maior conglomerado de luxo do mundo. Fontes do setor informaram que a pressão busca restabelecer, ao menos parcialmente, as condições comerciais anteriores aos anúncios feitos por Donald Trump no chamado “Dia da Libertação”, quando os novos pacotes tarifários foram apresentados.
A tensão comercial ocorre em um contexto delicado para o mercado global de vinhos. Mesmo com a produção mundial em 2024 atingindo o menor nível em seis décadas, a queda no consumo resultou em um excedente significativo, ampliando a competição por mercados-chave como o americano. Os Estados Unidos absorveram cerca de 30% das exportações de vinhos europeus no ano passado, tornando-se um dos destinos mais estratégicos para os produtores da região.
Samuel Masse, presidente da Confederação Europeia dos Viticultores Independentes, disse à Bloomberg TV que a medida afetará não só produtores franceses, mas também o mercado americano. “A importação de vinho está profundamente entrelaçada com os mercados dos EUA. Isso vai impactar consumidores e empresas de lá também”, afirmou.