Se você é um apreciador de rótulos italianos como Barolo, Chianti ou Pinot Grigio, provavelmente já se deparou com siglas como DOC, DOCG, DOP e IGT nos rótulos das garrafas. À primeira vista, essas combinações de letras podem parecer um código enigmático, mas, na verdade, elas dizem muito sobre a origem, a qualidade e até o processo de produção do vinho. Essas designações são parte integrante do rigoroso sistema de classificação vinícola da Itália, regulamentado por lei.
DOC: Denominazione di Origine Controllata
A sigla DOC (Denominação de Origem Controlada) é uma das classificações mais comuns nos vinhos italianos. Ela garante que o vinho foi produzido em uma região específica, respeitando regras definidas sobre as castas utilizadas, os métodos de produção, o tempo de envelhecimento e os limites geográficos da denominação.
Os vinhos DOC são sinônimo de tipicidade e tradição. Entre os mais reconhecidos, estão:
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Alto Adige DOC, conhecido por seus Pinot Grigios secos e leves, além de Gewürztraminer e Chardonnay;
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Friuli Grave DOC, com destaque para Pinot Grigio de corpo médio a encorpado;
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Soave DOC, com brancos de acidez marcante à base de Garganega;
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E entre os tintos, os famosos Montepulciano d’Abruzzo DOC, Dolcetto d’Alba DOC e Bolgheri DOC.
DOCG: Denominazione di Origine Controllata e Garantita
Um passo acima na escala está o DOCG — Denominação de Origem Controlada e Garantida. Essa classificação segue todas as exigências do DOC, mas adiciona critérios ainda mais rigorosos, incluindo:
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Engarrafamento obrigatório na própria região de produção;
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Testes de degustação realizados pelo Ministério da Agricultura local;
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Exigência de que o vinho tenha sido DOC por pelo menos dez anos, além de ser reconhecido por sua qualidade excepcional e relevância histórica.
É por isso que muitos consumidores consideram os vinhos DOCG como o topo da pirâmide qualitativa da vitivinicultura italiana.
Entre os exemplares mais emblemáticos estão:
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Barolo DOCG e Barbaresco DOCG, ambos elaborados exclusivamente com Nebbiolo. O Barolo precisa envelhecer por no mínimo três anos (sendo 18 meses em carvalho), enquanto o Barbaresco exige dois anos, com pelo menos nove meses em carvalho;
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Brunello di Montalcino DOCG, feito 100% de Sangiovese, com envelhecimento obrigatório de cinco anos — dois deles em carvalho;
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Chianti DOCG, provavelmente um dos rótulos mais conhecidos fora da Itália. Produzido predominantemente com Sangiovese, é subdividido em sete subzonas, com destaque para o Chianti Classico.
Nesse último, os vinhos da linha básica (ou annata) são pensados para consumo mais jovem, frescos e frutados. Já os Riserva precisam de 24 meses de envelhecimento antes de serem liberados, enquanto os Gran Selezione exigem ao menos 30 meses, agregando camadas de complexidade ao perfil sensorial.
E o que significam IGT e DOP?
Além de DOC e DOCG, dois outros selos podem aparecer no rótulo:
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IGT (Indicazione Geografica Tipica): uma classificação mais flexível, que permite ao produtor experimentar com uvas e técnicas fora das exigências rígidas dos DOCs. Muitos vinhos renomados, como os Super Toscanos, optam por essa designação justamente pela liberdade criativa que ela oferece.
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DOP (Denominazione di Origine Protetta): essa é a denominação europeia que abrange tanto os vinhos DOC quanto os DOCG, funcionando como um guarda-chuva regulatório para produtos com origem controlada.